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Especialista projeta nova onda da pandemia, colapso na saúde e recessão econômica

Para o secretário de Desenvolvimento das Cidades, Antônio Teles Júnior, projeções são pessimistas e efeitos piores até que a Grande Depressão, de 1929 até a Segunda Guerra

Cleber Barbosa, da Redação

O economista Antônio Teles Júnior, que é o atual secretário estadual do Desenvolvimento das Cidades, falou ao programa LuizMeloEntrevista durante a semana, na rádio Diário FM (90,9). Afeito a questões ligadas a estatísticas, disse que os países em que ocorrem as maiores mortandades foram exatamente aqueles que mais negligenciaram a questão do isolamento social – daí ver com preocupação o fato de que no Amapá as pessoas estarem retomando as atividades externas mesmo ao arrepio dos decretos de estado de calamidade pública

Para ele, os países que relaxaram os protocolos de quarentena agora estão tendo que se adaptar da pior forma possível, encarando a dura realidade de enterrar seus mortos em larga escala.

Teles Júnior também respondeu a questionamentos sobre a economia nacional, depois que o Banco Central projetou um recrudescimento na ordem de 5% nas taxas de crescimento do Brasil. Para ele, o cenário de recessão econômica está posto para toda a América Latina, que já apresentava índices preocupantes no Chile e no próprio Brasil, já no final de 2019. “Mas se esse cenário se confirmar, acho que será até para mais que 5%, acho que vamos chegar a uma recessão de 6% a 7%, um cenário econômico que será o pior da história nacional, pois num único ano vamos ter o equivalente à recessão dos anos de 2015 a 2016”, disse ele.

O produto Interno Bruto (PIB) nacional que fechou o ano passado com 1,2% de crescimento, portanto experimentava um leve aceleramento, quando veio a pandemia que passou a reduzir a expectativa de crescimento não só do Brasil como de todo o mundo, então o cenário que está se desenhando é muito parecido com o pós-crise de 1929 – a chamada Grande Depressão, que só terminou na Segunda Guerra Mundial.

Teles explicou que é com base no PIB que o país gera renda e riqueza na sociedade, então a expectativa é que a renda média caia em torno de 15% e consequentemente isso vai ter reflexo na taxa de desemprego, que deve chegar a casa dos 17% segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas. “Num cenário agressivo poderia triplicar o atual cenário de desemprego do Brasil, mas numa projeção mais moderada seria nessa ordem de 17%”, pondera.

O secretário reconhece os esforços da equipe econômica do Governo Federal, em criar uma rede de proteção social no sentido de amenizar os efeitos da crise, tanto no apoio às micro e pequenas empresas, com crédito a curto prazo a juros zero, como no auxílio emergencial de R$ 600 que está sendo pago às pessoas que estão na informalidade. “Mas a grande dificuldade que está acontecendo é a implementação disso, uma burocracia a ser vencida num curto espaço de tempo, como a ausência de cadastro e problemas operacionais, quando muitas empresas que poderiam estar sendo beneficiadas não estão conseguindo acessar os benefícios que o governo está ofertando”, disse o economista, que afirma não ser uma realidade apenas no Brasil.

Por fim, Teles Júnior diz que o país ainda não sente os efeitos da recessão econômica, atribuindo isso a uma relação de defasagem que existe entre causa e efeito, portanto a causa ocorrida no mês de março só deverá ser sentida com mais intensidade agora no mês de abril e o trimestre de maio, junho e julho será o que ele chama de “olho do furacão”, no sentido fiscal. Diz que existe um binômio de dois problemas, a primeira onde pela pandemia registrando o pico da curva epidemiológica, que exercerá uma pressão muito grande no sistema de saúde, como também uma segunda onda, que a econômica, quando todos passarão a sentir os efeitos da desaceleração, da redução do consumo e o novo comportamento da economia após a pandemia.

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