Brasil não tem estrutura para controlar o coronavírus, diz pesquisador do Amapá

Cleber Barbosa, da Redação

O pesquisador amapaense José Carlos Tavares, ex reitor da Universidade Federal do Amapá (Unifap), acaba de retornar de uma viagem de trabalho à China, país que já registrou mais de 80 mortes por coronavírus. Para ele, o Brasil não possui estrutura ou meios para lidar com uma possível chegada da doença, mas acredita que os chineses saberão debelar e controlar a proliferação.
Tavares esteve no rádio nesta terça-feira (28), quando concedeu entrevista ao programa LuizMeloEntrevista (Diário FM 90,9), dando detalhes não apenas de como os pesquisadores estão encarando essa triste novidade. O pesquisador foi selecionado para coordenar um projeto internacional envolvendo vários países, cuja sede é a Universidade de Wuhan, cidade considerada o epicentro do coronavírus.
Ele explicou que o projeto que coordena consiste no desenvolvimento de novos medicamentos para doenças negligenciáveis, como malária, dengue, chikungunya e também doenças neurodegenerativas. “As doenças negligenciáveis são chamadas assim porque grandes indústrias farmacêuticas não estão a fim de pesquisar medicamento para dengue, por exemplo, então alguém tem que se interessar por isso”, comentou Tavares.
O ex reitor da Unifap também coordena outra pesquisa para desenvolver medicamento à base de cannabis, a popular maconha, que seria indicada para o tratamento da epilepsia, dor neuropática. Ele informou que todos os custos das pesquisas que envolvem pesquisadores de várias partes do planeta vêm do governo da China. “É um exemplo de país que investe na pesquisa, tanto que em 2018 foi de lá que saiu a pesquisadora vencedora do Prêmio Nobel de Medicina, então eles não estão pensando apenas nos nichos, mas pela necessidade mesmo”, disse ele.
Antônio Tavares foi selecionado em outubro de 2019 para participar e coordenar as pesquisas na China e fez agora sua primeira viagem para o outro lado do mundo. Em julho deste ano ele retorna para lá, mas não há previsão sobre por quanto tempo estará emprestando seus conhecimentos para essa grande mobilização. Ele ainda permanece ligado à Universidade Federal do Amapá, como pesquisador.

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