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Profissionais do HE alertam para o tratamento precoce de pé diabético

Essa é uma demanda recorrente que chega ao hospital em estágio avançado. Foram 21 casos atendidos somente no mês de fevereiro.

Da Redação

O pé diabético é uma complicação do Diabetes Mellitus que ocorre quando uma área machucada ou infeccionada nos pés desenvolve uma ferida. Essa é uma demanda recorrente que chega ao Hospital de Emergências Oswaldo Cruz (HE), que atendeu 21 casos somente no mês de fevereiro, e necessita de cuidados intensos e prolongados

Foi o que aconteceu com a paciente Maria dos Remédios, de 62 anos, depois que bateu o pé no canto do fogão em casa. O local sofreu um leve arranhão e, em seguida, se tornou uma ferida. Ela tentou curar em casa, mas a situação piorou até que a ponta do dedo do pé esquerdo ficou preta e ela procurou o HE.

“Não senti dor nenhuma, só percebi que o pé piorava e a ferida, que era pequena, ficou do tamanho do meu calcanhar, entrando pra região do osso. Quando meu dedo começou a ficar preto, fiquei preocupada e vim para o hospital”, relatou Maria.

Diabética há pelo menos 20 anos, ela foi admitida ainda em fevereiro e seu quadro clínico também inclui hipertensão e sobrepeso.

Segundo o especialista em enfermagem dermatológica, Daniel Monteiro, que atua no HE, casos dessa natureza clínica são recorrentes.

“A diabetes é silenciosa e sempre tratada com medicamentos, mas com o descuido de alguns pacientes ou mesmo descontrole na dieta e descompensação da glicemia, a doença ataca de forma gradativa os olhos, rins e culmina na aparição de feridas devido a circulação comprometida”, explica Monteiro.

O profissional acompanha casos de pé diabéticos desde 2014 na unidade. A principal dificuldade de reverter os casos graves é a necessidade de um acompanhamento longo e cuidadoso que compreende uma equipe multiprofissional, com clínico geral, equipe de enfermagem para o cuidado diário, endocrinologista, fisioterapeuta, nutricionista e, principalmente, cirurgião vascular.

“Atualmente, temos apenas 5 cirurgiões vasculares no estado inteiro para a demanda do HE e de todas as unidades hospitalares”, pontuou o enfermeiro.

No HE os pacientes recebem o atendimento necessário com a equipe do hospital, e a única exceção é a avaliação com o cirurgião vascular, que ocorre apenas às sextas-feiras, com deslocamento do paciente organizado pelo HE para avaliação do profissional no Hospital das Clínicas Alberto Lima (Hcal). Semanalmente, 10 pacientes do HE são atendidos no Hcal.

“Temos vários pacientes dessa natureza e a maioria já chega em estado muito grave com pé e até perna necrosados. É uma doença que nos traz preocupação e realizamos todo o tratamento necessário dentro das nossas possibilidades”, pontuou a administradora do HE, Rainize Marques.

Segundo a secretária de Saúde, Silvana Vedovelli, a necessidade dos profissionais vasculares é um problema crônico da rede pública estadual. Mas a gestão já avalia novas alternativas.

“Estamos estudando a possibilidade de um processo seletivo ou chamada pública para conseguir atrair profissionais e amenizar a demanda no estado. Hoje estamos trabalhando de forma precária com essa especialidade devido à ausência de especialistas não só para tratar pé diabético, mas demais problemas vasculares”, enfatizou a gestora.

Prevenção

A melhor prevenção para evitar o pé diabético é ir regularmente ao endocrinologista e sempre fazer exames para avaliar a eficácia do mesmo no organismo. Além disso, o paciente diabético precisa manter a dieta em dia junto com o profissional da nutrição, assim como fazer check-up a cada semestre.

Para prevenir é importante:

  • Tomar remédios antibióticos;
  • Usar pomadas antimicrobianas no local afetado;
  • Controlar a diabetes a partir de alterações da dieta, do uso de medicamentos e de insulina;
  • Trocar diariamente o curativo da ferida, de acordo com orientação do médico ou do enfermeiro;
  • Evitar pressionar o local afetado, evitando usar sapatos fechados ou deixar o pé na mesma posição por muito tempo.

Os sintomas mais frequentes são:

  • Fraqueza nas pernas;
  • Sensação de formigamento frequente;
  • Queimação nos pés e tornozelos;
  • Dormência nos pés;
  • Dor e sensação de agulhadas;
  • Perda da sensibilidade nos pés.

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