Sem licença para operar no Amapá, Petrobras pode mirar o Sul do Brasil em nova jazida
Petrobras, Shell e outras empresas de olho em bacia que pode transformar o Sul do Brasil em um novo polo energético mundial.
Cleber Barbosa, da Redação
O litoral Sul do Brasil pode estar à beira de um marco histórico capaz de redefinir o papel econômico do país no cenário energético mundial. Em um movimento estratégico, a Petrobras está investindo na exploração da Bacia de Pelotas, uma região ainda pouco conhecida do grande público, mas com potencial para alçar o Brasil ao mesmo patamar de grandes produtores de petróleo. A reserva estimada em até 15 bilhões de barris de petróleo por um especialista levanta a possibilidade de o Sul do Brasil emergir como um importante centro econômico e geopolítico.
Conforme apuração de O Globo, essa movimentação estratégica ocorre em um contexto onde a indústria brasileira de petróleo busca novos horizontes, uma vez que o pré-sal se aproxima de seu limite produtivo estimado para 2030.
De acordo com dados de especialistas, sem alternativas viáveis como a Bacia de Pelotas, o Brasil corre o risco de se tornar um importador de petróleo nos próximos anos.
A reserva estimada no local já desperta o interesse de gigantes do setor, como a Shell e a chinesa CNOOC, que formaram consórcios com a Petrobras para explorar o potencial da região.
O início da exploração e o histórico da Bacia de Pelotas
Localizada no extremo Sul do Brasil, a Bacia de Pelotas foi leiloada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em dezembro de 2023, atraindo grandes petroleiras internacionais.
A Petrobras adquiriu 29 blocos na região, formando dois consórcios, um com a Shell e a CNOOC, e outro somente com a Shell.
A Chevron, por sua vez, também marcou presença adquirindo 15 blocos, demonstrando a confiança do setor no potencial de Pelotas.
Para o geólogo Pedro Zalan, a geologia da Bacia de Pelotas possui similaridades significativas com reservas na Namíbia, onde se estima haver até 13 bilhões de barris de petróleo, graças às descobertas de empresas como Chevron e Shell. “A semelhança é total. E Pelotas é maior e mais profunda”, afirma Zalan.
Ele sugere que, devido à sua formação geológica semelhante ao continente africano na época de Gondwana, a Bacia de Pelotas poderia conter reservas de petróleo que variam entre 10 e 15 bilhões de barris, o que explica a mobilização das grandes petroleiras.
Expectativas para o setor e a relevância econômica para o Brasil
Segundo Roberto Ardenghi, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), a Bacia de Pelotas é uma esperança para evitar que o Brasil dependa da importação de petróleo, o que representaria um retrocesso em termos de autossuficiência energética.
Para Ardenghi, é crucial que novas áreas sejam exploradas para sustentar a economia.
As companhias que adquiriram blocos no final de 2023 já se movimentam para iniciar estudos sísmicos na Bacia de Pelotas, uma fase inicial que deve durar de três a quatro anos.
O processo, no entanto, demanda tempo e recursos. Após os estudos sísmicos, será preciso perfurar poços de teste para confirmar a existência de petróleo e avaliar a viabilidade econômica do projeto.
Somente depois disso é que a produção pode ser autorizada pela ANP, um processo que pode levar até 12 anos. Essa perspectiva de longo prazo exige um planejamento detalhado, mas representa uma aposta importante para a economia do Brasil.
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