Pesquisador critica aval do Ministério a medicações não testadas o suficiente em quem tem Covid
Professor Alison Chaves, com Bacharelado e Licenciatura em Mestrado em Microbiologia e Imunologia e Doutorado em Microbiologia e Imunologia levanta polêmico argumento sobre como a doença está sendo combatida.
Cleber Barbosa, da Redação
O pesquisador e professor universitário Alisson Chaves, que é mestre em Microbiologia e Imunologia, como também doutor em Microbiologia e Imunologia, foi ao rádio esclarecer verdades e mitos sobre o tratamento do Covid-19. Ele admitiu que debater o tema é algo espinhoso, mas que no meio acadêmico é consenso que o que não é verdade sobre a doença precisa realmente ser dito – até pelos riscos e consequências.
Ele disse que a atual pandemia vem forçando o meio acadêmico e científico a produzir com uma velocidade muito maior que o costume e isso acaba atropelando o processo, como a revisão por pares. “Isso acaba fazendo com que a qualidade da ciência que a gente produz acabe não sendo exatamente a mesma, resultando em muitos estudos retratados em um curto espaço de tempo”, avalia.
São o que ele define como estudos em bases de pré-publicação sendo usados como referências para estabelecer protocolos clínicos.
O especialista diz que quando se fala em mitos e verdades sobre tratamentos para Covid-19, muitos lugares, em estados e municípios diferentes, como também em países diferentes, até por uma questão de desespero mesmo, por falta de informação acabam estabelecendo terapias que não são fundamentados em evidências. “Uma questão de mito que a gente precisa discutir e falar mesmo a respeito, pois envolve vidas humanas nesse momento, são os protocolos que utilizam medicações antigas sob a justificativa de terem perfil de segurança e eficácia, como Ivermectina, Nitazoxanida, como também a própria Hidroxicloroquina e a Cloroquina, medicamos contra malária”, lista o pesquisador.
Ele argumenta que essas medicações têm perfil de segurança de fato muito bem estabelecidos, mas é preciso ficar claro que a população tem buscado esses tratamentos e ainda pedem para que os médicos prescrevam, o que entende ser algo muito problemático. “O perfil de segurança de uma medicação é estabelecido a partir de uma população geral, em estudos programados para isso, mas geralmente são populações sem outras comorbidades, portanto a gente não sabe nada sobre o perfil de segurança dessa medicação para uma população de Covid-19, isso é um fato. É muito preocupante a gente ver o estabelecimento desses protocolos por todo o país, com o aval do Ministério da Saúde, sem uma evidência ainda, então a gente até espera que isso aconteça num curto espaço de tempo, mas até o momento, infelizmente, a gente precisa entender que nós não temos”, encerra o especialista.
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