Indígena que virou prefeito não descarta remédios da floresta para cuidar de doentes

Hermes Caripuna é o vice-prefeito de Maria Orlanda, afastada do cargo após operações da PF e elege a saúde como prioridade absoluta em Oiapoque.

Cleber Barbosa, da Redação

Hermes dos Santos Caripuna (PSB), o segundo indígena a assumir a Prefeitura de Oiapoque, concedeu a primeira entrevista depois de ser investido no cargo devido ao afastamento da titular, Maria Orlanda (PSDB), por ordem da Justiça Federal. Até então ele morava numa aldeia e diz estar tomando pé da situação administrativa, mas já elegeu uma prioridade, que é a saúde da população, no combate à pandemia.

Falando por telefone à rádio Diário FM (90,9), ele declarou que está montando uma equipe para auxiliar na gestão para só depois anunciar as primeiras medidas mais estruturantes, porém quer assegurar que os serviços essenciais sejam mantidos. “Queremos manter a cidade limpa, dar continuidade aos trabalhos que vem sendo executados, como o atendimento à educação e obras públicas em andamento”, disse ele.

Operação

Agentes da Polícia Federal (PF) na Prefeitura de Oiapoque durante a Operação Panaceia | PF

Sobre a apreensão de medicamentos pela Polícia Federal, duramente operação na cidade, ele disse que ainda não teve conhecimento formalmente do teor das acusações sobre a gestão municipal, que segundo ele seguem de forma sigilosa.

O prefeito interino disse que só poderá responder por atos praticados em sua gestão. “Neste momento queremos manter a vigilância sanitária em pleno funcionamento, buscando as parcerias com o Governo do Estado e o DSEI, o Distrito de Saúde Indígena [órgão vinculado à Secretaria Especial de Saúde Indígena, da Presidência da República], pois agora a Prefeitura de Oiapoque vai entrar realmente [em ação] para dar o suporte ao combate dessa pandemia, tanto na cidade como nas comunidades indígenas, que vêm registrando também muitos casos da doença”, disse ele.

Por fim, Hermes Caripuna disse que não deverá descartar nenhuma alternativa para o tratamento dos doentes, inclusive os remédios caseiros e a medicina natural que os povos indígenas já praticam. “Até porque até então ninguém tinha nenhum medicamento de farmácia, então ainda existem muitos casos dentro das comunidades indígenas e por isso a gente vai tomar todas as providências com as demais autoridades do Estado e da União, que já estão realizando atividades junto aos nossos indígenas e assim poder ajudar ao combate do Coronavírus aqui no município, inclusive com o registro de óbitos”, disse ele.

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