Fortes bombardeios levam Gaza à beira da catástrofe, diz ong MSF
Médico sem Fronteiras trata centenas de palestinos feridos pela polícia israelense em Jerusalém, inclusive crianças entre as vítimas.
Da Redação
Em função dos atos de violência em Jerusalém que deixaram centenas de palestinos feridos, incluindo crianças, a organização médico-humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) considera o uso da força pela polícia israelense inaceitável, e alerta sobre o impacto devastador que qualquer escalada dos ataques na Faixa de Gaza pode causar.
“Os bombardeios israelenses estão muito mais intensos e mais fortes do que em campanhas anteriores”, disse Hellen Ottens-Patterson, coordenadora-geral de MSF nos Territórios Palestinos. “Os bombardeios implacáveis destruíram diversas casas e edifícios ao nosso redor. Não é seguro sair e ninguém está seguro dentro de casa, as pessoas estão encurraladas. Os profissionais de saúde de emergência estão correndo riscos enormes, mas necessários, para se locomover.”
O Ministério da Saúde de Gaza informou que, da noite do dia 10 de maio à manhã do dia 13 de maio, ataques aéreos israelenses mataram 67 pessoas, incluindo 17 crianças, e deixaram quase 400 feridos. As autoridades israelenses, por sua vez, relataram a morte de sete pessoas no mesmo período, vítimas de foguetes e mísseis lançados por grupos militantes palestinos em Gaza.
Os recentes ataques aéreos em Gaza ocorrem após dias de violência em Jerusalém. Durante a noite de segunda-feira, 10 de maio, equipes de MSF apoiaram a Sociedade Palestina do Crescente Vermelho (PRCS) na avaliação e estabilização de centenas de pacientes feridos pela polícia israelense. A maioria sofreu traumas e ferimentos causados por balas de borracha e granadas de efeito moral.
“Nossas equipes tiveram de lidar com ferimentos graves infligidos a homens, mulheres e crianças”, disse Ottens-Patterson. “Elas trataram crianças de até 12 anos que foram feridas por balas de borracha. Essa onda de violência foi a pior que as equipes de MSF testemunharam em Jerusalém em anos.”
Gaza
Esta não é a primeira vez que MSF testemunha as consequências devastadoras da violência em Gaza. Confrontos militares anteriores entre Israel e Gaza resultaram no ferimento e na morte de milhares de civis palestinos, muitos deles crianças.
“Depois de cada guerra, cada ‘escalada’, cada onda de protestos, tratamos feridos em nossas clínicas e hospitais”, disse a coordenadora médica de MSF, dra. Natalie Thurtle. “Vemos diariamente as incapacidades e a dor que essa violência de longo prazo causa, e sabemos que, quanto mais tempo essa atual onda de violência durar, mais pessoas serão feridas e mais acabarão sofrendo as consequências, mesmo depois que os bombardeios tiverem cessado.”
“O bloqueio israelense de 14 anos a Gaza significa que o sistema de saúde local carece de muitas das ferramentas necessárias para tratar a população, mesmo em tempos normais. No entanto, de anos em anos, o sistema de saúde é obrigado a lidar com um enorme influxo de feridos: os 11 mil feridos durante a guerra de 2014; os mais de 7 mil baleados durante os protestos de 2018 e 2019; e agora as centenas de pessoas feridas em bombardeios, com dezenas de mortos desde segunda-feira.”
MSF, presente na Faixa de Gaza há mais de 20 anos, está pronta para apoiar as autoridades de saúde locais na prestação de atendimento médico vital àqueles que o necessitam. “O nível de violência e das lesões sofridas nos últimos dias é intolerável. Estamos profundamente preocupados com a segurança da população civil”, disse Ottens-Patterson.
Médicos Sem Fronteiras mantém projetos médicos e de saúde mental na Palestina porque o sistema de saúde local não contempla integralmente certas especialidades. MSF é uma organização imparcial que presta cuidados às pessoas que mais precisam, sem discriminação de raça, religião, nacionalidade ou convicção política.
Publicidade (x)