Comunidades discutem implantação de polos da Unifap em áreas quilombolas

Representantes de mais de 40 comunidades estiveram reunidos no Torrão do Matapi, neste final de semana, em uma plenária para discutir a implantação de polos da Universidade Federal do Amapá (Unifap) em áreas quilombolas. As Pró-reitorias de Cooperação e Relações Interinstitucionais e de Graduação da Unifap participaram do debate ouvindo e esclarecendo dúvidas dos participantes.

De acordo com os moradores, atualmente, os estudantes que terminam o ensino médio não podem dar continuidade aos estudos porque não há oferta de cursos de nível superior na região. As famílias que têm melhores condições financeiras, mandam os filhos para Macapá, mas têm dificuldades de mantê-los na cidade, devido ao custo de vida, que é mais alto.

Nesse sentido, a instalação de polos da Unifap em comunidades mais bem localizadas e estruturadas, foi a alternativa encontrada durante reunião entre líderes quilombolas e o reitor, professor Júlio Sá. A ideia é que as comunidades escolhidas venham a atender não somente a demanda interna, mas todas as localidades vizinhas. Por isso, as sedes dos polos foram definidas em eleição durante a plenária.

Comunidades

Quatro comunidades foram eleitas: Torrão do Matapi e Carmo do Maruanum, na região sul da BR-156, e Curiaú e Abacate da Pedreira, na região da rodovia AP 070. De acordo com Núbia Souza, da Coordenação Estadual de Articulação das Comunidades Negras Quilombolas do Amapá (CONAQ) a plenária foi mais um passo importante para a realização do sonho de ter a Unifap oferecendo cursos para a população dos quilombos do estado.

“A gente não quer formar mais pessoas apenas para estar no mercado de trabalho, mas sim pessoas que colaborem para desenvolver as comunidades tanto na parte educacional como quanto econômica. E isso aqui é histórico. Geralmente as universidades tiram o negro e o indígena da sua terra e levam para outras áreas e aqui não. A universidade vai ser instalada dentro da comunidade”, comemorou a coordenadora do CONAQ.

A professora Rosa Ramos, que defendeu o quilombo do Curiaú como sede de um polo, também comemorou a decisão da comunidade e a parceria com a Unifap: “É libertador para a comunidade do Curiaú. É busca de mais poder, de mais qualificação de nível universitário. Por isso é de fundamental importância ter esse polo na nossa comunidade”, disse Rosa.

Os cursos ofertados nos polos serão definidos por uma comissão formada por delegados eleitos pela comunidade e técnicos da Unifap. Durante a plenária, foram sugeridos os cursos de Ciências Ambientais, Pedagogia e Educação no Campo. Além do debate, a programação que começou pela manhã e se estendeu pela tarde, também teve apresentações culturais e palestras voltadas para os direitos da população negra e agricultura familiar.

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