Com devoção e alegria, mazaganenses e turistas celebram ponto alto da Festa de São Tiago

Encenação é feita por moradores há 246 anos. Governo do Estado garantiu recursos de mais de R$ 1,2 milhão para realização de festejo tradicional.

Da Redação

Muita fé, devoção e alegria marcaram o ponto alto da celebração a São Tiago nesta terça-feira, 25, em Mazagão Velho. A tradicional batalha entre mouros e cristãos levou um grande público à vila histórica, que comemora 246 anos de tradição. Em 2023, o festejo conta com investimento de R$ 1,2 milhão do Governo do Estado.

“Nesses 246 anos de tradição, a gente destaca o valor dessa comunidade, é ela que faz esse momento acontecer. Se hoje vemos o empreendedorismo, o turismo e a cultura aqui, é porque antes desse momento tem uma tradição de fé guardada pelo povo de Mazagão que nos presenteia com esse espetáculo”, destaca a secretária de Estado de Cultura, Clicia Vieira Di Miceli.

A população devota encenou, mais uma vez, a batalha religiosa na Rua Senador Flexa, em frente à Igreja de Nossa Senhora da Assunção. O momento inicia com o juramento de São Tiago, disfarçado de soldado anônimo, em frente à igreja para então ir de encontro com os inimigos, os mouros. O professor Domingo Videira, de 31 anos, interpretou São Tiago este ano.

“É especial. Esse é um momento que todo cavaleiro espera, a gente se sente honrado depois de tantos anos participando da festa em ser sorteado para ser São Tiago”, conta.

A encenação atrai o público de todos os lugares, mas a população local é quem mais celebra. A aposentada Laura Nunes Dias, de 70 anos, é nascida e criada em Mazagão Velho e enfeita a casa todos os anos para celebrar o santo protetor.

“Nasci aqui e hoje aproveito essa festa maravilhosa com os meus amigos e a família, estamos muito emocionados de ver essa linda festa acontecer mais uma vez, por isso decoramos nossa casa para São Tiago”, explica a aposentada.

Morador de Macapá, o servidor público de 26 anos, Caio Semblano, veio pela primeira vez prestigiar a festa.

“Vim para conhecer a cidade e a festa, foi muito bom ver a história que a gente só ouviu falar, vim aqui para conhecer os detalhes dessa batalha”, conta Semblano.

Durante a exibição, um acidente com os cavalos foi registrado com um dos soldados mouro presente, André Jacarandá. Ele foi encaminhado ao Hospital de Emergência e passa bem.

Batalha entre mouros e cristãos

Próximo ao meio-dia, na batalha, os mouros enviaram um espião para vigiar os cristãos. O espião, Bobo Velho, é apedrejado até a morte. Na peça, a população usa bagaços de laranja para recriar o momento. Do outro lado, os cristãos também enviam seu informante, o Atalaia. Ele consegue roubar a bandeira dos mouros, mas é ferido na fuga e morre próximo ao acampamento cristão, alertando os companheiros. Ele é decapitado pelos mouros.

A encenação recria a batalha que se intensifica após a morte do Rei Caldeira, chefe supremo dos mouros, morto durante o baile de máscaras um dia antes do confronto. O Rei acaba sendo vítima da sua própria emboscada, após comer a comida envenenada enviada aos cristãos.

Na encenação feita pela população, o herdeiro do trono mouro, Rei Caldeirinha, manda seus homens sequestrarem as crianças cristãs e vendê-las em troca de armas e munição.
Quando perceberam que suas crianças haviam sido roubadas, os cristãos iniciaram uma batalha violenta.

Segundo contam, Deus ajudou os cristãos, prolongando o dia, assim eles conseguiram vencer as batalhas até aprisionar o Rei Caldeirinha. A encenação encerra com a tradicional dança do vominê e a aparição das figuras de São Tiago e São Jorge, celebrando a vitória dos cristãos.

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