Amapá entra em estado de atenção com sistema de saúde próximo ao colapso

Mesmo com aumento de mais de 100% no número de leitos de UTI no sistema público de saúde nos últimos dois meses, taxa de ocupação se mantém acima de 90%.

Da Redação

A crescente alta nos casos de covid-19 colocou o Amapá em estado de atenção para o risco colapso no sistema estadual de saúde. O alerta foi reforçado em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 11 – um dia depois que o Instituto Evandro Chagas (IEC) confirmou a circulação da variante P1 de coronavírus no estado. A nova cepa é mais transmissível que a anterior.

De acordo com o último parecer científico do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (Coesp), o Amapá está em alta situação de risco para covid-19 (sinalizado pela cor vermelha), sendo que o município de Santana se encontra em situação de risco muito alto (cor roxa).

Nesse cenário, a atual situação do Amapá se assemelha ao restante do país, que registra uma crescente de casos e óbitos. Segundo dados do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass) nos últimos sete dias, foi registrada a média de 69.096 novos casos e 1.626 óbitos por dia no Brasil.

Durante a coletiva de imprensa, o superintendente de Vigilância em Saúde, Dorinaldo Malafaia, e o secretário de Saúde do estado, Juan Mendes fizeram um alerta à população.

O secretário lembrou que o Amapá, único estado que gerencia 100% dos leitos SUS dedicados à covid-19, atualmente tem 257 leitos ativos na rede pública exclusivos para tratar pessoas com covid-19. Destes, 96 são de terapia intensiva. Em junho de 2020, quando o estado tinha três Centro Covid em funcionamento, eram 215 leitos, 52 deles de terapia intensiva. Estes números apontam aumento de 85% nos leitos de UTI no período.

Mendes destacou que mesmo com mais leitos que no ano passado, a taxa de ocupação não para de atingir, diariamente, índices preocupantes.

“Mesmo diante de todos os esforços do governo em ampliar a retaguarda de leitos exclusivos a taxa de ocupação não cai a patamares mais controlados, pois a velocidade com que os pacientes estão agravando seu quadro de saúde é muito maior que na primeira onda”, analisou o secretário.

Para exemplificar a gravidade, ele informou que somente na madrugada desta quinta-feira (11), 21 pacientes entraram no Centro Covid do HU. E até as 10h, outros 13 aguardavam transferência para a unidade.

Para ele, o índice de isolamento social em baixa e o relaxamento de medidas de proteção a vida são fatores que contribuíram para o aumento das internações.

Malafaia alertou que o sistema de saúde está à beira de um colapso sanitário, sendo necessário que as medidas de isolamento social, de redução da circulação das pessoas, e, principalmente, de restrição das aglomerações, sejam cumpridas pela população nos próximos 14 dias. Ele ressaltou que, com a circulação da nova variante, é necessário redobrar os cuidados.

“Nossa equipe já vinha notando uma diferença no registro de novos casos e na evolução dos pacientes, uma vez que eles estão avançando da fase 1 da doença para a fase 2 muito rapidamente. Agora, temos a confirmação laboratorial da circulação da variante, mais um motivo para manter as medidas de isolamento e contenção da pandemia”, afirmou Dorinaldo.

Baixo índice de isolamento social

De acordo com o Mapa Brasileiro da covid, o índice de isolamento social no Amapá é de apenas 35,9%, a população ainda continua se expondo a doença ao circular nas ruas. Para conter a disseminação do vírus, na última segunda-feira, o Governo do Amapá endureceu as medidas de proteção à vida.

“As pessoas precisam entender: daqui a pouco não teremos leito de UTI, nem na rede estadual e nem na rede particular. Se a população não se conscientizar vai faltar leitos para você e sua família”, alertou o afirmou o secretário de saúde, Juan Mendes.

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